Fórum Comunicação e Paz na Natureza:




terça-feira, 31 de maio de 2011
Fórum Comunicação e Paz na Natureza: uma aula de Comunicação e Ecologia
“A realidade clama por transformações na nossa vida para que possamos selar a paz com a natureza. Este processo inicia pela pacificação da nossa relação com a nossa própria natureza e o retorno à percepção de que também somos seres da natureza”, disse a Profª Ilza Girardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na palestra que proferiu no Fórum Comunicação e Paz na Natureza, promovido na noite dessa segunda-feira, no Auditório Waldir Diogo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará. No evento, promovido pela Agência da Boa Notícia, foi feita a entrega do Prêmio Gandhi de Comunicação 2011.

Para o público que compareceu à solenidade foi uma oportunidade de assistir a uma aula sobre Comunicação e Ecologia. A Profª Ilza Girardi, que introduziu a disciplina Jornalismo Ambiental no Curso de Comunicação da UFRGS, debateu o tema do Fórum com a Profª. Vládia Pinto Vidal, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Ceará (UFC), e os jornalistas Edgard Patrício (O Povo e Agência Catavento) e Maristela Crispim (Diário do Nordeste). O moderador foi o jornalista, professor universitário e diretor da ABN, Moacir Maia.

A Profª. Ilza, uma das fundadoras do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, explicou que o jornalismo ambiental surgiu da vontade de transformar o mundo. “A natureza passou por um processo de exclusão e é preciso fazer a reconexão dos seres humanos com a teia da vida para que se sintam integrados à natureza”.

Ela comentou que é como se atualmente existissem dois mundos paralelos. Em um estão as pessoas que vêem os problemas e buscam soluções que beneficiem a todos. Em outro, predomina a “cegueira intelectual e ética”, onde as pessoas só conseguem enxergar o lucro, mesmo à custa da degradação ambiental. Um exemplo de desserviço à natureza, para ela, foi a aprovação do novo Código Florestal, pela Câmara dos Deputados.

No processo de mudar esse quadro, os profissionais da comunicação têm muito a contribuir, na visão da professora e jornalista. “A Publicidade e as Relações Públicas devem assumir outra lógica de forma a não estimular o consumo e não projetar empresas e produtos que causem danos ambientais”, disse. Um desafio ainda maior se coloca para o Jornalismo que, segundo Ilza,“deve descolar-se dos interesses econômicos que comprometem a qualidade do exercício profissional.” O que parece uma utopia possível pode, segundo ela, começar na formação universitária.

Ilza falou do desafio que foi incluir a disciplina Jornalismo Ambiental na grade curricular do curso de Jornalismo em sua Universidade. “São pequenas mudanças que precisam ser ampliadas”.disse.

Em sua intervenção no debate, a jornalista Maristela Crispim destacou que são iniciativas como a ocorrida na UFRGS, o trabalho de entidades como o do Núcleo de Ecojornalistas e da Agência da Boa Notícia ao promover o Fórum e o Prêmio Gandhi, que as mudanças vão ocorrendo. Foi a partir da militância ambiental, que Maristela diz ter tomado gosto e se tornado uma profissional da comunicação comprometida com as questões ligadas ao meio ambiente. Em sua página Gestão Ambiental no DN, ela diz que busca oferecer uma perspectiva propositiva para a questão, “mas muitas vezes é preciso também denunciar”.

A Profª Vládia Pinto, que no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente viu passar muitos jornalistas em busca de uma formação na área ambiental, que não receberam na graduação, colocou que é preciso levar à sociedade essas questões em uma linguagem clara.

Questionamento nesse sentido foi feito pelo jornalista Edgard Patrício. “Precisamos ser jornalistas generalistas ou especialistas em meio ambiente?”. Como ligar com os discursos que aparecem na mídia, lembrou ele. Ressaltou que as notícias falam da instalação de uma siderúrgica na Ceará movida a usina termelétrica [poluente], associando com a idéia de geração de empregos.

Diante dessas colocações, a Profª Ilza Girardi advertiu: “estamos falando da necessidade de mudanças” e citando o jornalista Washington Novaes, destacou que o jornalista precisa mudar a partir de sua própria vida. “O desequilíbrio ecológico começa em casa e nele mesmo - fumar demais, comer demais”. Ela defende que o jornalista deve ter formação na área ambiental, mas não necessariamente de forma tão específica e sim para ter um outro olhar e entender que a questão ambiental é uma outra racionalidade que precisa suplantar a racionalidade econômica.

Fonte: Agência da Boa Notícia – (fone: 84 3224 5509)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog