Tendências e Debates
O comércio de armas deve ser proibido no Brasil?
O debate sobre a proibição do comércio de armas volta a dividir a opinião pública. Por Roberta Hoertel
15/04/2011 |
Em 2005, cerca de 64% da população brasileira optou por não proibir a comercialização de armas de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para algumas entidades, como prevê o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento, em vigor desde dezembro de 2003. Mais de cinco anos depois, o Rio de Janeiro fica marcado por uma tragédia, que deixou treze mortos em uma escola municipal de Realengo, e o debate sobre a proibição do comércio de armas volta a dividir a opinião pública.
Na última terça-feira, o presidente do Senado, José Sarney, propôs a realização de um novo referendo para consultar a população sobre a proibição da venda de armas. Sarney declarou não se importar com o último resultado, estando convencido de que agora a população pode ter outra opinião.

Episódios como o da escola em Realengo, que comovem a população e mobilizam autoridades e civis, pode ajudar a mudar o pensamento de muitos em relação à posse de armas. No entanto, no caso de Realengo, a proibição da venda de armas não teria impedido o atirador Wellington Menezes de Oliveira de adquirir os revólveres calibre 32 e 38 usados na ação. É o que garante a psicóloga Thereza Cristina Ribeiro, membro da Associação Internacional Psicanalítica (IPA). Ela explica que o crime foi realizado por um indivíduo mentalmente perturbado, e uma lei que proibisse a comercialização de armas não seria capaz de impedi-lo de realizar o que já pretendia.
- “Uma perturbação mental grave como se apresentou não é impedida apenas com o desarmamento. Tudo indica que era um esquizofrênico que funcionava de acordo com ideias delirantes, fora da realidade”.

Em debate no Senado, o assunto divide os partidos. Alguns senadores acreditam que a aprovação do plebiscito é uma decisão precipitada, e que o país pode não ter condições de executar a lei ainda este ano. De acordo com Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado, o país não possui os recursos orçamentários necessários para realização da consulta em outubro. Outros líderes, entretanto, defendem a proposta do plebiscito, desde que haja um amplo debate sobre o tema antes de sua realização.
Thereza explica que em um momento de grande comoção, é possível a mudança de opinião da população com relação ao tema. Entretanto, além de qualquer política pública com relação ao porte de armas, é preciso haver uma mudança de pensamento em cada indivíduo. “O desarmamento é imprescindível em todos os setores, porém enquanto existirem fábricas de armas, ele não acontecerá. O mais determinante é que o desarmamento comece dentro de cada pessoa”, explica a psicóloga.

Caro leitor,
Você é a favor de um novo referendo sobre o desarmamento?

Para você, o que deveria ser feito para a violência diminuir no Brasil?

Fonte: www.opiniaoenoticia.com.br

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